8 de fev. de 2011

Goodbye

____Olá querido, tudo bem?

____Te escrevo essa carta por que finalmente descobri que durante todo esse tempo eu não estava vivendo. Cada manhã eu olhava pro teu rosto e sorria pelo simples fato de você estar vivo. Passava o dia pensando em como te agradar ao vê-lo, cada parte da natureza me lembrava teu sorriso. Eu era feliz por saber que você existia.
____Foram 15 anos vivendo a sua vida. Dormia quando você ia dormir, saía apenas para os lugares onde você fosse. Comia o mesmo que você, combinava minhas roupas com as suas, respirava ofegante como você. Então numa manhã dessas eu acordei, e você não estava ao meu lado. Te procurei como se fosse o último dia da minha vida. Desesperadamente, olhei cada esquina na esperança de te ver e entender porque você havia saído sem me dizer pra onde nem por quanto tempo.
____Depois de tanto procurar, meu corpo reconheceu o cansaço. Porém a minha mente insaciável gritava por ti como louca. Onde você estaria? O que estaria fazendo? Porque não ligou? Inúmeros questionamentos inundaram o resto do meu dia até o momento em que adormeci. Pela madrugada, depois de sonhos lindos que sempre tinha com você todas as noites, um som estranho vindo da cozinha me despertou. Meu mundo desabou ao te ver entrando por aquela porta completamente bêbado e nos braços de uma mulher a qual nunca vi mais bela em toda minha vida.
____Lembro bem que fui educadamente grata por ela ter te trazido de volta aos meus braços, mas você me tratava como uma estranha. Não sei se o efeito do álcool te permite lembrar, mas eu cuidei de você. Como  em cada minuto de toda minha vida, eu queria te ver bem. Te banhei, vesti, alimentei e pus para dormir. Instântaneamente eu pude ouvir seu ronco silencioso tomando conta de todo o quarto. Olhando para o sol que acabara de nascer, me perguntei o que eu estava fazendo da minha vida.
____Aos 28 anos de vida, mais de 15 foi em função de ti. Um ombro pra chorar, uma amiga para aconselhar. Fui tudo que você sempre precisou sem sequer pedir. Nunca te pedi nada em troca. Todos os dias você me contava seus sonhos, mas nunca perguntava quais eram os meus - e se ao menos eu os tinha. 15 anos. 15 anos querendo ouvir você se importar. 15 anos querendo que você perguntasse como foi o meu dia - mesmo que ele tenha sido todo pensando em como te fazer feliz por mais 24h.
____Dói demais querido, e como dói. Desde meus 13 anos me dediquei a ti com todas as minhas forças, e você nunca sequer disse que me amava. Me abraçava friamente, mas eu era tola o bastante para sentir o calor do meu corpo sobre o seu e achar que era reciprocidade de carinho. Você não faz idéia do quanto é difícil admitir, mas nós vivemos 15 anos de ilusão. Nem sei se posso dizer "nós", quando na verdade quem vivia era só eu. Você era como um figurante no filme da NOSSA vida.
____Então eu decidi dizer adeus. Espero ardorosamente que eu ainda possa ter uma vida depois de tanto tempo presa em um monólogo. Espero encontrar alguém com quem eu possa compartilhar minhas dores, alegrias e conquistas. Alguém que se importe. Espero que você também encontre alguém que finalmente possa arrancar de você um sentimento nobre. Você merece ser feliz, mas não mais do que EU mereço. De agora em diante, vou deixar de respirar na terceira pessoa do singular e viver intensamente a primeira. Obrigada por ter me ensinado isso, por mais doloroso que tenha sido. 
____Quinze anos, e eu só queria que você realmente tivesse existido.


Com sincera ternura,

Melissa.

4 comentários:

  1. que tristeee!!! mas o pior é que existem muitas mulheres (e até homens) na mesma situação da melissa...

    bjssssss

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  2. lindo texto.
    senti sua falta,estava ausente,mas estou de volta!

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  3. Amei o texto! Só quem já viveu por alguém sabe como é; mas relacionamentos são uma via de mão dupla e os dois têm que se dedicar um ao outro.
    Acabei de descobrir o seu blog e gostei bastante, a começar pelo layout. Voltarei mais vezes!
    Beijinhos, flor.

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Meus devaneios, você já leu... agora é sua vez de devanear :)