12 de abr. de 2010

#Dia 12 - Qualquer coisa a sua escolha

A dor que dói mais

"Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer."

Martha Medeiros

Oi pessoal! Finalmente acabou a etapa do #3ODays que pedia fotos, rs. Eu já não aguentava mais. Quanto ao texto, como eu já sofri muito de saudades e as vezes ainda sofro, resolvi postá-lo. Gosto muito dos textos da Martha, apesar de lê-los poucas vezes. Hoje estou mega cansada, tive aula o dia inteiro. Pois é gente, segunda feira de novo! É.

9 comentários:

  1. nhaaaaiiiinn, quase fiquei com lágrimas nos olhos! Lindo o texto!
    bjoos! Fique bem!

    ResponderExcluir
  2. Nossa, que texto lindo.

    Foi o texto sobre saudades mais lindo que já li.

    ResponderExcluir
  3. Obrigada Clarinha *-*
    Que bom Mony, fico feliz em ter te proporcionado isso :)

    ResponderExcluir
  4. Esse texto é lindo,e copiei ele ONTEM pra postar qualker dia desses la no blog,rs.
    Rebeca m conta o q é fanfic,ñ sei o q é....se puder m ajudar.bj

    ResponderExcluir
  5. Esse texto é perfeito! Assim, como a maioria dos textos da Martha. beijos! :)

    ResponderExcluir
  6. realmente a saudade mata a gente aos poucos. a gente pensa que ela não dói, mas com o tempo ela nos destroi, nos corroi por dentro.

    beijo

    ResponderExcluir
  7. não vou mentir, não li o texto, mas tenho certeza que está fabuloso. o problema é que eu estou sem tempo, mas estava ficando neurótica sem passar nos blogs, principalmente no seu. Ah! e tipo, tua irmã é LINDA! Fiquei um tempão parada na foto dela, pqp. sortuda ¬¬ kkkkk. bjs e feliz dia do beijo *-*

    ResponderExcluir

Meus devaneios, você já leu... agora é sua vez de devanear :)