Preste
atenção em como você respira e, de repente, vai estar apenas
respirando. Isso. Respire. Não pense muito. Esqueça que machuca, esqueça
que dói. Esqueça essas casquinhas que são tiradas antes de cicatrizar.
Vamos, esqueça. São apenas pessoas, quase todas tão nervosas e inseguras
quanto você. São só sorrisos, só gentilezas, só formalidades. Sorria de
volta. Sorria e cumprimente, não pense muito. Sim, vamos, respire.
Desligue o telefone e não responda. Depois desapareça por um dia ou
dois. Deixe que eles se perguntem para onde, e somente então adivinhem
porquê. Sim, você desaparece e depois volta para garantir que tudo vai
mesmo terminar bem. Depois você volta, depois você atende, depois você
termina, depois você conserta, depois você resolve. Por enquanto não
pense. Vamos, respire. Apenas isso: respire. Vai haver outro dia, e
esses dias outros todos serão meses, anos e vidas. Vai haver outra
chance, e também uma segunda história - que te faça lembrar-se um pouco
menos da primeira. Então não lembre. Vamos, faça força, não lembre.
Haverá outro cara, depois outro e mais outro. E um deles vai saber
quantas colheres de açúcar resolvem o amargo do seu café, e isso vai
impedir que o mundo às vezes amargue você. Porque ele (apenas um deles)
vai conhecer cada parte sua, até ser em parte um pouco de você. Sim, ele
virá (virá mesmo?) qualquer dia. Então espere, não pense muito. Finja
ter se tornado o que esperavam e, por dentro, mude apenas o que seu
coração quiser. Respire, vamos. Isso passa e você até se distrai. Como
quando tinha três anos e um brinquedo novo te fazia esquecer-se do
velho. Vamos, brinque. Estale os dedos, passe a mão nos cabelos e
prenda. Depois solte. Isso, continue, não pense. Esqueça que batia os
pés, esqueça que ficava vermelha. Algumas pessoas esqueceram também.
Respire e é só. Pelos textos, pelos bombons, pelos esmaltes, pelas coisa
sérias, pelas coisas fúteis. Também porque há outros respirando, há outros pensando, há outros tentando não pensar. Então também
não pense. Abaixe a cabeça e olhe para as unhas. Vamos, vamos, disfarce.
Morda os lábios, tente voltar para a letra daquela música, tente se
manter naquela mesma sensação. Aquela, de quando você puxava o cobertor e
dormia abraçada com o (seu) mundo, sabendo que as noites seguintes
viriam, e que dentro delas você esqueceria seus dias ruins. Não.
Novamente os dias ruins. Novamente respire e não pense. Desvie. Procure
uma caneta, qualquer uma. Vamos, esqueça. Repasse mentalmente as suas
listas: antes dos 20, antes dos 30. As datas. A festa. A prova. A
entrega. Entregar o quê? Não precisa, não pense. São só uns minutos, até
que você se sinta segura outra vez, até que você esteja quieta e tudo
volte a parecer quase normal. Isso, respire. Já vai, já passa. Não pense
muito. De repente, você vai estar apenas respirando. E mesmo que tudo
lhe pareça assim errado, por enquanto não pense. E então todos vão
pensar que tudo (enfim) está bem.
Texto retirado daqui.
Larissa escreve de forma maravilhosa!
ResponderExcluirTenho certeza que ela ficará muito feliz em ver uma continuação dela em um outro blog!
Obrigado por compartilhar! ( ;
Sim, eu pedi autorização a ela :)
ResponderExcluirAdorei o texto ^^ Parabéns para essa moça!
ResponderExcluirAcho que nossa vida precisa desses momentos de não pensar... é bom para podermos respirar um pouco. =)
bjoo