19 de abr. de 2010

Não pense muito.

Preste atenção em como você respira e, de repente, vai estar apenas respirando. Isso. Respire. Não pense muito. Esqueça que machuca, esqueça que dói. Esqueça essas casquinhas que são tiradas antes de cicatrizar. Vamos, esqueça. São apenas pessoas, quase todas tão nervosas e inseguras quanto você. São só sorrisos, só gentilezas, só formalidades. Sorria de volta. Sorria e cumprimente, não pense muito. Sim, vamos, respire. Desligue o telefone e não responda. Depois desapareça por um dia ou dois. Deixe que eles se perguntem para onde, e somente então adivinhem porquê. Sim, você desaparece e depois volta para garantir que tudo vai mesmo terminar bem. Depois você volta, depois você atende, depois você termina, depois você conserta, depois você resolve. Por enquanto não pense. Vamos, respire. Apenas isso: respire. Vai haver outro dia, e esses dias outros todos serão meses, anos e vidas. Vai haver outra chance, e também uma segunda história - que te faça lembrar-se um pouco menos da primeira. Então não lembre. Vamos, faça força, não lembre. Haverá outro cara, depois outro e mais outro. E um deles vai saber quantas colheres de açúcar resolvem o amargo do seu café, e isso vai impedir que o mundo às vezes amargue você. Porque ele (apenas um deles) vai conhecer cada parte sua, até ser em parte um pouco de você. Sim, ele virá (virá mesmo?) qualquer dia. Então espere, não pense muito. Finja ter se tornado o que esperavam e, por dentro, mude apenas o que seu coração quiser. Respire, vamos. Isso passa e você até se distrai. Como quando tinha três anos e um brinquedo novo te fazia esquecer-se do velho. Vamos, brinque. Estale os dedos, passe a mão nos cabelos e prenda. Depois solte. Isso, continue, não pense. Esqueça que batia os pés, esqueça que ficava vermelha. Algumas pessoas esqueceram também. Respire e é só. Pelos textos, pelos bombons, pelos esmaltes, pelas coisa sérias, pelas coisas fúteis. Também porque há outros respirando, outros pensando, há outros tentando não pensar. Então também não pense. Abaixe a cabeça e olhe para as unhas. Vamos, vamos, disfarce. Morda os lábios, tente voltar para a letra daquela música, tente se manter naquela mesma sensação. Aquela, de quando você puxava o cobertor e dormia abraçada com o (seu) mundo, sabendo que as noites seguintes viriam, e que dentro delas você esqueceria seus dias ruins. Não. Novamente os dias ruins. Novamente respire e não pense. Desvie. Procure uma caneta, qualquer uma. Vamos, esqueça. Repasse mentalmente as suas listas: antes dos 20, antes dos 30. As datas. A festa. A prova. A entrega. Entregar o quê? Não precisa, não pense. São só uns minutos, até que você se sinta segura outra vez, até que você esteja quieta e tudo volte a parecer quase normal. Isso, respire. Já vai, já passa. Não pense muito. De repente, você vai estar apenas respirando. E mesmo que tudo lhe pareça assim errado, por enquanto não pense. E então todos vão pensar que tudo (enfim) está bem.

Texto retirado daqui.

3 comentários:

  1. Larissa escreve de forma maravilhosa!

    Tenho certeza que ela ficará muito feliz em ver uma continuação dela em um outro blog!

    Obrigado por compartilhar! ( ;

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  2. Adorei o texto ^^ Parabéns para essa moça!

    Acho que nossa vida precisa desses momentos de não pensar... é bom para podermos respirar um pouco. =)

    bjoo

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Meus devaneios, você já leu... agora é sua vez de devanear :)